Postagem em destaque

191 anos da Independência do Brasil

Independência do Brasil - 7 de setembro


191 anos da Independência do Brasil

Há quase dois séculos o Brasil se tornava politicamente independente de Portugal. 

Em 7 de setembro de 1822 Pedro de Alcântara decretava o fim do período de domínio português, em um episódio às margens do Ipiranga que ninguém sabe com exatidão como ocorreu.




Como vemos constantemente em nossas aulas, a construção da História busca sempre uma explicação para um momento histórico, sendo influenciada por quem relata ou retrata determinado episódio. Em relação à Independência do Brasil não é diferente, o episódio ocorrido às margens do riacho Ipiranga na tarde do dia 7 de setembro de 1822 tem muitas construções.

A história oficial todos conhecem, a de que Pedro de Alcântara, príncipe regente do Brasil, em viagem entre Santos e São Paulo, recebeu cartas de sua esposa, D. Leopoldina e de seu ministro, José Bonifácio, pressionando para que a Independência fosse proclamada com urgência, antes que outros a fizessem. Foi quando o príncipe regente desembainhou sua espada e proclamou a famosa frase às margens do Ipiranga: "Independência ou morte!". Esse e outros momentos da nossa história foram exaltados, principalmente, após 1889, quando havia a necessidade em se construir um passado glorioso para a recém nascida República.

Não podemos nos esquecer que o 7 de setembro de 1822 põe fim a um processo que fora se desenhando desde a vinda da Família Real para o Brasil em 1808, passando, entre outros episódios, pelo Dia do Fico, em janeiro de 1822 e pela convocação de uma Assembleia Constituinte em junho desse mesmo ano.

Diversas construções históricas nos levam a algumas imagens prontas sobre o momento da Independência e, acredito eu, que o quadro de Pedro Américo, apesar de impreciso, seja, para muitos, a imagem mais perfeita desse nosso fato histórico. Sabemos que os resultados para nosso território, que se tornaria uma nação politicamente independente de Portugal, são mais relevantes que  a precisão dos fatos daquele momento tão importante. Mesmo assim,  vamos conhecer alguns relatos e pinturas sobre o nascimento oficial da nossa nação.


Relato de 1826 do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, testemunha ocular.


"D. Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse:

- E agora, padre Belchior?

Eu respondi prontamente:

- Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.

D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro, Carlota e outros, em direção aos animais que se achavam à beira do caminho. De repente, estacou já no meio da estrada, dizendo-me:

- Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal.
Respondemos imediatamente, com entusiasmo:
- Viva a Liberdade! Viva o Brasil separado! Viva D. Pedro!
O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e falou:
- Diga à minha guarda, que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos separados de Portugal.
O tenente Canto e Melo cavalgou em direção a uma venda, onde se achavam quase todos os dragões da guarda.   [clique aqui para ler trechos do primeiro capítulo do livro 1822, de Laurentino Gomes, no site da Folha de S. Paulo]



"Proclamação da Independência", obra de François-René Moureaux, de 1844.

Proclamação da Independência

Clique aqui para ler texto de Lilia Schwarcz sobre a obra, na Revista de História da Biblioteca Nacional. (infelizmente, a revista deste link não existe mais!)


-------------------------------

-------------------------------



Relato do Sr. Manuel Marcondes de Oliveira Melo, o Barão de Pindamonhangaba, testemunha ocular, em resposta à carta de Alexandre José de Melo Morais, que pedia detalhes sobre o fato ocorrido há 40 anos.

(...) indo o Príncipe em regresso de um passeio que tinha feito à cidade de Santos, depois que subiu a serra acompanhado somente por mim, recebeu nessa altura ofícios ou cartas por um próprio, parando e lendo-os disse-me que as Cortes de Portugal queriam massacrar o Brasil, continuando logo alcançado pela guarda de honra que havia ficado um pouco atrás, a quem o Príncipe ordenou que passasse adiante, e fosse seguindo, e isso creio, que em consequência de achar-se o mesmo Príncipe afetado de uma disenteria, que o obrigava a todo o momento a apear-se, para prover-se; meia légua distante do Ipiranga, encontrou-se a guarda de honra com Paulo Bregaro e Antônio Cordeiro, que perguntando à mesma pelo Príncipe, dirigiram-se ao seu encontro, para entregar-lhes ofícios, que traziam do Rio de Janeiro.

“A guarda de honra parou no Ipiranga, à espera do Príncipe que, como já fica dito, ficou atrás e com quem foram encontrar-se Paulo Bregaro e Cordeiro. Após pouco tempo, chegou o Príncipe ao Ipiranga, onde o esperava a sua guarda de honra, a quem disse, e aos mais de sua comitiva, que as Cortes portuguesas queriam massacrar o Brasil, e pelo que se devia imediatamente declarar a sua independência, e arrancando o tope português que trazia no chapéu, e lançando-o por terra, soltou o brado de ‘Independência ou Morte’; o mesmo fez a sua guarda e comitiva, a quem o Príncipe ordenou que trouxessem uma legenda com a inscrição ‘Independência ou Morte’. Esta cena teve lugar, pouco mais ou menos, às 4 horas e meia da tarde.

(...)

O Príncipe ia vestido com fardeta de polícia, e se a memória não nos é infiel, cremos que cavalgava em uma besta baia.
(...)
Resta-me o pesar de ter a mão do tempo riscado de minha memória muitos outros fatos circunstanciais, que porventura ladeassem o ato de nossa independência, porque quarenta anos se tem passado, e seria preciso grande fertilidade de reminiscência, para não esquecer todas as minuciosidades que se eram por essa ocasião. (14 de abril de 1862)    [Morais, A. J. de Melo. A Independência e o Império do Brasil. Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2004]

"Independência ou Morte", obra de Pedro Américo, de 1888.

Independência ou Morte


Clique aqui para ler sobre o quadro no site do G1.

Comentários

Postar um comentário

Obrigado por compartilhar seu comentário! Valorizamos sua participação. Por favor, observe que todos os comentários são revisados antes de serem publicados. Faremos o possível para aprovar seu comentário o mais rápido possível. Agradecemos sua compreensão e aguardamos ansiosamente para compartilhar suas ideias em breve!