A cada dia, mais crianças com menos de 10 anos ganham celulares, fazendo uso desses aparelhos como se fossem adultos. Que limites se deve ter? Como os pais devem orientar os filhos?
Os colegas da escola têm, o priminho e o vizinho também... Quando menos se espera, os pais se veem no dilema: “Dou ou não um celular ao meu filho?” Afinal, várias crianças já possuem o aparelho, sendo até mesmo uma forma rápida de os pais terem informações sobre como e onde os filhos estão.
Este ano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgou que o número de celulares no Brasil chegou a 272,72 milhões, o que equivale a 1,4 celular por habitante, considerando a população brasileira de 190,7 milhões, segundo o último Censo. Os números são impressionantes, especialmente pelo crescimento do uso dos celulares entre crianças e adolescentes. É cada vez maior o número de pais que fornecem o aparelho aos filhos menores de 10 anos.
Se por um lado o celular foi desenvolvido para os adultos, por outro, o acesso está generalizado na atualidade, com vários benefícios comprovados. Segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU), dos 7 bilhões de habitantes no mundo, 6 bilhões têm celulares. Numa pesquisa realizada pela Unesco, com empresas parceiras, dos 4 mil entrevistados, 62% afirmaram que passaram a ler mais com o uso do celular; 30% disseram usar o telefone para ler para os filhos.
São inegáveis as vantagens que a tecnologia proporciona. A criança detentora do próprio aparelho domina a linguagem virtual com mais facilidade, tem acesso a jogos de entretenimento, está em pleno contato com os amigos e familiares, especialmente na “era WhatsApp”.
No entanto, é preciso monitoramento e controle, para não haver excessos. Estudiosos alertam para o uso precoce do celular entre as crianças, sugerindo alguns cuidados. A pediatra italiana, Maria Grazi Sapia, especialista em criança e ambiente, afirma que além dos efeitos nocivos para a saúde da criança, há probabilidade de problemas psicológicos, como a dependência, - forte como o álcool ou as drogas – com gravíssimos danos no desenvolvimento psíquico e social. Nomofolia (do inglês no mobile + fobia) é o termo já consagrado para classificar esse desconforto ou mesmo angústia sentidos e manifestos ante a possibilidade de se ficar sem o celular.
A preocupação é reforçada pelo número crescente de crianças que estão tendo acesso ao celular, cada dia mais cedo. Em 2010, a pesquisa “TIC Crianças”, realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, apontava que 59% das crianças de 5 a 9 anos já utilizaram um celular. Três anos mais tarde, outra pesquisa, dessa vez do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação, mostrou que 65% das crianças até 9 anos já usavam celular e 14% tinham seu próprio aparelho.
Dois grandes institutos da América do Norte – Sociedade Canadense de Pediatria e Academia Americana de Pediatria – foram responsáveis por uma série de estudos aprofundados sobre o tema celular versus criança. As pesquisas concluíram que há danos caudados pelos eletrônicos em crianças de até 12 anos: problemas de desenvolvimento cerebral, obesidade, problemas relacionados ao sono, problemas emocionais, demência verbal, demência digital e emissão de radiação. Para saber detalhadamente os motivos, basta acessar o site da TecMundo (
www.tecmundo.com.br) e pesquisar o artigo “Crianças não devem ter smartphones e tablets antes dos 12 anos”.
Cuidados necessários
Ainda que não haja definição ou consenso sobre a idade certa para se dar o celular ao filho – embora sugira-se a idade mínima de 10 anos -, especialistas recomendam cautela antes de entregar o aparelho aos pequenos. Em primeiro lugar, é necessário avaliar a necessidade real.
Havendo de fato necessidade, por questões de segurança, o uso deve ser monitorado e controlado, a começar pela conta. No site “Educar para crescer”, da Abril Educação, o artigo “Alô, alô, garotada” orienta os pais a optarem pelo celular pré-pago, e dar uma cota de 20 reais ao mês, se o filho tiver até 10 anos. Dos 10 aos 14 anos, podem-se acrescentar 10 reais a essa quantia e, a partir dos 14 anos, passar para 50 reais, valor máximo que um adolescente deveria gastar. A conta também pode ser paga com a mesada, estimulando a criança a controlar as chamadas e a administrar o dinheiro.
Outra advertência é não liberar a internet, deixando o celular apenas para ligações e aplicativos educativos. Do número de crianças que têm celular próprio, 9 em cada 10 crianças usam aparelhos para brincar com os joguinhos e 60% delas para ouvir música. Navegar na internet pode ficar restrito aos computadores em casa ou na escola, sob a supervisão dos adultos.
Um número cada vez maior de educadores, psicólogos e médicos tem manifestado a preocupação com os smartphones e celulares em mãos de crianças a partir de 3 anos. A possibilidade de usar a internet sem acompanhamento de um adulto aumenta bastante, expondo o menor a muitos riscos. O diálogo e a conversa franca são as melhores formas de mante a segurança dos filhos na navegação.
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