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Vocação: o que meu filho será quando crescer?

Aqui tem uma imagem com quatro jovens profissionais

Vocação: 

O que meu filho será quando crescer? 


Esta matéria foi integralmente reproduzida da publicação Maxi In Família do Sistema Maxi de Ensino (Ano 4, Número 7, Setembro de 2014)

Pensar no futuro dos filhos é natural a todos os pais, mas não é necessário se preocupar com as escolhas precoces, feitas ainda na infância.



Tanto as crianças quanto os jovens expressam os sonhos e os desejos, revelando aos pais o que almejam quando crescerem. Algumas vezes, essa opinião é fruto de atividades que lhes parecem mais prazerosas: a criança gosta de andar de carro e diz para os pais que será “motorista”; gosta de ajudar a mãe a cozinhar e diz que será “cozinheira”. Já na adolescência as opiniões vão mudando, sendo influenciadas por outros fatores. As variáveis que determinam uma profissão são muitas, mas uma coisa é certa: não é fácil identificar nos filhos o que eles serão no futuro. Da infância até à juventude, eles passam por diferentes fases, mudando de opinião.
Nesta entrevista, o psicólogo Fernando Zanluchi relata como funciona cada uma dessas fases e como os pais devem fazer para lidar com esse cenário. Zanluchi é especialista em Psicoterapia da Infância e da Adolescência e Mestre em Educação, autor do livro O brincar e o criar.

Maxi In Família: Como as crianças e os adolescentes se portam frente à escolha de profissão?

Zanluchi: Primeiramente, é preciso entender que o cérebro da criança muda a forma de pensar, por questões neurológicas, até por volta dos 12 anos. Analisando as principais teorias de desenvolvimento infantil, todas vão apresentar diferentes fases: de 0 a 2 anos, 2 a 5, 5 a 9 e assim por diante até à adolescência. Na infância, as escolhas são ainda muito lúdicas, ou seja, a profissão que desejam é aquela que parece ser mais legal, mais interessante ou mesmo engraçada. Outra característica é imitar os pais, tê-los como modelo e aceitar facilmente suas sugestões. Na adolescência, ocorre uma virada. O filho quer ser diferente dos pais. Isso acontece por que ele quer ser admirado e respeitado pelo que ele é. Se o adolescente apenas seguir o que os pais dizem, torna-se um clone psicológico, um “pau-mandado”, abre mão de sua individualidade e passa ser apenas uma cópia. Os pais precisam entender que essa rebeldia inicial nada mais é do que o adolescente tentando ser ele próprio, por isso tantos conflitos.

Maxi In Família: Como orientar os filhos em ambas as fases?

Zanluchi: Há uma regra básica. Em toda a conversa, os pais têm a tendência, por serem mais velhos e responsáveis, de chegar falando e impondo suas ideias diante da criança ou do adolescente. Acontece que isso tem um efeito contrário, pois o ideal é entrar na conversa como ouvinte. Então, quando se deseja conversar com o filho sobre qualquer assunto, inclusive sobre vocação, comece fazendo perguntas. Toda conversa deve começar primeiro com a disposição para ouvir, pois se você ouve inicialmente, abre a possibilidade de o outro também querer ouvir você. Por isso, é melhor se aproximar com uma pergunta: “Filho, por que você escolheu essa profissão?” ou “ Por que esse comportamento?”, pois se chegar com a resposta aos pais vão encontrar, a priori, uma barreira. A criança ou o adolescente vão se defender porque se sentiram invadidos.

Maxi In Família: Quando os pais devem se preocupar com a opinião dos filhos acerca da escolha profissional?

Zanluchi: O pai só deve se preocupar com as escolhas durante a infância ou a adolescência se houver uma fixação muito rígida, uma obsessão por alguma área muito esdrúxula, esquisita ou fora do contexto. Na infância, é natural que a criança mude de ideia, cada hora escolhendo uma profissão. Agora, se existe algo muito fixo, que perdura por toda a infância, é preciso entender quais as reais motivações que fazem a criança se fixar em uma ideia. O diálogo é o primeiro passo.

Maxi In Família: Antigamente, parece que os adolescentes ou jovens tinham mais convicção do que queriam ser na vida adulta. Isso procede?

Zanluchi: Há duas questões ai. Primeiro que, antes, o leque de opções era bem menor. O segundo ponto, que observamos, é que a adolescência tem começado cada vez mais cedo e acabado mais tarde. Então, as angústias e dúvidas acerca de o que ser e o que fazer no futuro se estendem por mais anos. O adolescente, em geral, termina o ensino Médio com 16 ou 17 anos e precisa escolher o que será pelo resto da vida. Nessa idade, o adolescente está com o desenvolvimento físico-orgânico acelerado, descobrindo-se na sexualidade, definindo seu lugar no grupo, entre outros fatores importantes. E no meio desse turbilhão, tem que parar e decidir a profissão de sua vida. É algo muito complicado. Eu, por exemplo, quando criança, dizia que seria agrônomo, pois gostava de visitar as fazendas dos parentes e andar a cavalo... Na adolescência isso mudou e passei a querer psicologia. Já atendi muitos adolescentes dizendo, claramente, que não querem passar no vestibular porque não têm certeza da escolha ou mesmo se estão prontos para a faculdade.

Esta matéria foi integralmente reproduzida da publicação Maxi In Família do Sistema Maxi de Ensino (Ano 4, Número 7, Setembro de 2014)








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